domingo, 31 de janeiro de 2010

China x Taiwan, uma longa história.





No post passado divaguei um pouco com as minhas percepções sobre o nosso futuro, mas a questão sobre China x Taiwan ( como bem indicada pelo Caio) podia ser um pouco mais aprofundada.

A história começa na revolução Comunista Chinesa em 1949 quando Mao Tsé Tung tomou o controle da China Continental expulsando o líder nacionalista Chiang Kai-shek que se retirou para Taiwan, levando consigo 2 milhões de refugiados. Sua intenção era preparar uma invasão a partir da ilha e retomar a parte continental.

A partir de então as duas partes tomaram caminhos diferentes, a China seguiu pelo caminho comunista copiado da URSS Stalinista e Taiwan se aproximou dos EUA, acabando por implantar o sistema capitalista na ilha.

Com o fluxo de imigrantes continentais para Taiwan crescendo, ressentimentos surgiram entre os que chegavam e os que la estavam. Chiang implantou uma lei marcial que perseguia e matava os seus oponentes políticos e restringia a liberdade civil, fato comum na época vide ditaduras na América Latina e Ásia, essa lei foi sustentada até 1987, 1 ano antes da morte do filho do ditador.

Quando estourou a Guerra da Coreia em 1950 os EUA, com medo de uma invasão chinesa à Taiwan, posicionou a sua 7ª Frota no estreito que liga o continente e ilha, ação que se tornou a primeira dos em favor de Taiwan.

A partir dos anos 60 Taiwan mudou o foco de sua politica externa buscando não a conquista do continente mas a sua independência dele. O problema era que os EUA e o mundo ocidental estavam começando a reatar os laços com a China, o Ocidente queria conter o avanço soviético e a China rompeu com a URSS após a morte de Stálin, buscando o seu próprio caminho comunista, e essa questão era critica para o frágil relacionamento que se estava erigindo. Por essa razão em 1971 a ONU mudou o seu apoio de Taipe para Beijing, deixando a questão de Taiwan mal-resolvida. Em 1979 os EUA reconheceram a Republica Popular da China e retiraram, oficialmente, a proteção militar com a ilha. No entanto, alguns meses depois, o congresso americano reatou alguns laços econômicos com Taiwan, que incluíam a venda de armas para a ilha, por exemplo.

Movimentos democráticos começaram na ilha em 1979 mas somente em 1996 Taiwan pode contar com um presidente eleito por voto popular. Antes disso, Chiang Ching-kuo,  o filho e sucessor do ditador, escolheu  Lee Teng-hui, um taiwanês nativo, tecnocrata educado nos EUA, como vice-presidente em 1984. Após a morte do Chiang mais novo, Lee assume como primeiro presidente nativo. Após assumir ele buscou uma reaproximação com os EUA.

Taiwan é um dos Tigres Asiáticos, países com um desenvolvimento muito acelerado com uma economia baseada nas exportações, e em meados da década de 80 já era uma dos países mais industrializados da Ásia e uma força econômica a se considerar.

Apesar de manter um governo e sistema econômico diferentes a China ainda considerava Taiwan como uma província rebelde e que deveria ser retomada.

Com as eleições de 1996 se aproximando em Taipe a China realizou uma série de testes de mísseis o que foi considerado uma tentativa de influenciar no resultado das eleições por uma mostra de força.

Os EUA então enviaram o que foi considerado a maior mostra de força naval desde guerra do Vietnã para a região e o presidente Clinton mandou caças patrulharem todo o espaço de Taiwan para garantir a segurança das eleições.

Por fim não tivemos problemas nas eleições por conta da interferência dos Estados Unidos e Lee foi reeleito por voto popular.

Outro incidente ocorreu em 1997 quando a Grã-Bretanha preparou a devolução do controle de Hong-Kong a China e Taiwan colocou uma frota de navios de guerra no estreito para informar que ela não seguiria o mesmo caminho de Hong-Kong. Naquele ano os EUA enviaram jatos para a ilha e o partido pro-independência ganhou as eleições municipais naquele ano.

Em 1999 o presidente Lee anunciou que as relação entre os países seriam tratadas "de estado para estado" o que enfureceu Beijing. Taiwan depois reconsiderou a posição mas as duas partes ficaram um bom tempo sem se falar.

Hoje a situação é a seguinte:

A China considera Taiwan uma província rebelde e caso ela concorde com a anexação pacífica ela concederá ao povo de Taipe autonomia política e econômica mas caso ela decida continuar com a vontade de independência política ameaça invadir e anexar a região militarmente como ocorreu com o Tibet nos anos 50.

O Kuoumintag, partido que está no poder atualmente na ilha diz aceitar uma reaproximação com a China, principalmente nas áreas econômicas e culturais mas diz que só desistirá da independência e aceitará a anexação se a China tiver um governo democrático elegido por voto popular.

Vale lembrar que a China é uma nação com domínio da tecnologia da nuclear e tem o poder de destruir satélites na órbita terrestre ( possibilidade antes só conquistada por EUA e Rússia) o que pode levar o conflito até a órbita terrestre.

Recentemente os EUA trocam farpas com a China tanto por questões econômicas, de abertura de mercados e concorrência chinesa desleal, como por questões ideológicas, como censura da Internet chinesa, tendo o Google e algumas outras empresas americanas sido alvo de terrorismo cibernético vindos da China.

Agora voltamos ao ponto do post anterior em que comentei a venda de armas dos EUA à Taiwan o que irritou muito a China.

Alguns dados interessantes sobre os países

China:




População: Quase 1,4 bi
Nome oficial: República Popular da China
PIB (base PPC) Estimativa de 2007
- Total US$6,991 trilhões (3º)
- Per capita US$5.300 (99º)

Taiwan:


População: Quase 24 milhões
Nome oficial: República da China
PIB (base PPC) Estimativa de 2008
- Total US$695,388 bilhões USD (19º)
- Per capita US$31.892 USD (26º)


Espero ter esclarecido algumas das duvidas principais.

Qualquer coisa sobre ou assunto ou sugestão para post podem comentar!

sábado, 30 de janeiro de 2010

Para onde estamos indo?

Em minhas leituras de férias me deparei com o livro "Capitalismo Global" de Jerry A. Frieden ( não sei se alguém conhece ou tem alguma crítica, mas o autor parece ser bom) e comecei a divagar sobre algumas coisas...

Primeiro acho que cabe aqui uma introdução sobre o que se trata o livro.

Ele nos traz a histórica económica e política do século XX, na verdade ele começa nas décadas finais do século XIX e acaba no começo do século XX1 (lógico, até porque não daria para ele ir muito mais para frente). Ele nos diz que a história económica pode ser dividida em algumas fases principais, vou resumi-las e se esquecer alguma coisa alguém pode me corrigir:

A era de ouro que vai até o ano de 1914: padrão-ouro no seu auge, abertura económica sem precedentes e uma globalização que só voltaria a ser vista no final do século.

O período de 1914-1939: Primeira guerra mundial que traz o colapso do padrão ouro e leva o mundo a levantar barreiras e se fechar num nacionalismo sem precedentes, grande depressão de 1928-1933 e o levante fascista na Europa, nascimento da URSS.

1939-1973: Com os esforços da segunda guerra o EUA ficam em uma posição de hegemonia perante o mundo ocidental e assumem o seu posto como lideres da nova era. inicio do sistema Bretton Woods, nacionalismo e levante da ditadura na AL junto com o desenvolvimento de algumas economias comunistas. Divisão comunista entre a China e a URSS. Crise do petróleo de 1973 e o fim do sistema Bretton Woods.

1973-2000 Globalização: O mundo entra numa espiral globalizante após as crises da década de 70 e a estagnação da década de 80, abertura económica sofre algumas ameaças devido a pressões proteccionistas em alguns países centrais como os EUA, além do acirramento da competição global e a formação de blocos económicos. Fim da URSS. Tendência de retomada da abertura comercial, formação da OMC e esperança de que a social democracia encontre o equilíbrio entre bem estar económico e social.


O livro é muito bom e nos fornece uma visão bem ampla do que aconteceu no mundo mas me deixa uma duvida...

No começo do século passado tivemos um euforia de que o mundo globalizado era a maior conquista humano, os avanços tecnológicos prometiam a resolução de muitos problemas da época e aconteciam em uma escala sem precedentes. Todos acreditavam que a humanidade finalmente encontrou o seu rumo e estaria livre de guerras generalizadas já que a economia de vários países estava integrada de tal forma que um conflito era impossível.

A descrição do ambiente da época me faz lembrar o que estamos vivendo agora. O mundo está ciente de que atingimos um nível de integração nunca antes visto e que estamos nos aproximando cada vez mais da paz mundial. A tecnologia galopa num ritmo frenético e somos invadidos por inovações a todo o momento.

Mas não preciso lembrar o que aconteceu século passado. 2 guerras apocalípticas solaparam o sentimento eufórico do começo do século. Será que trilharemos o mesmo caminho?

Não sei..

Para falar a verdade acho que existe sim o risco de uma guerra generalizada pelo munod inteiro mas ele é certamente menor do que naquela época. A Europa estava tão dividida e contava com rixas mal resolvidas de forma com que a explosão do conflito ( Primeira Guerra ) foi vista com bons olhos por algumas pessoas.

Hoje a Europa está mais calma, pelo menos a parte ocidental. O meu medo é a China. Sim a China! Está crescendo muito rápido e logo vai querer participação politica na altura de seu peso económico. Guardadas as devidas proporções me lembra a Alemanha do começo do século. ela surpreendeu o mundo ao atingir níveis de produção mais altos que a Grã-Bretanha ( Potencia hegemónica da época) e se lançou a conquistar a influencia que lhe era de direito.

Hoje a China pode trilhar o mesmo caminho. Me preocupa o caso de Taiwan, que se considera independente mas a China não concorda, e os EUA estão a ponto de fechar um acordo vendendo mais de US$6 bilhões em armas para Taiwan.

Será que estamos vendo o inicio de uma escalada de hostilidades?

Eu espero que não. Aliás acho que existe a possibilidade, mas ela é remota, pelo menos por enquanto.

O que vocês acham? Comentem por favor.

Início

Vou começar a postar aqui regularmente, melhor dizendo, tatarei postar aqui regularmente, trazendo algumas considerações sobre notícias, acontecimentos ou qualquer outra baboseira que eu queira falar.

Espero que alguém ache isso interessante e comente para eu poder saber se o que eu penso faz sentido ou, o que acho mais provável, são só besteiras.

Post completamente inútil só para ter um começo, prometo que os proximos serão melhores.